De repente veio a pandemia e a televisão perdeu completamente o seu padrão de qualidade. Chutou o pau da barraca com todas aquelas normas que podiam, que não podiam. Foco, cenário, insert, posição correta, luz, câmera, ação! Hoje vimos de tudo na TV: depoimentos fora de foco, entrevistado olhando pro teto, pro além, gente vestindo roupa listrada, xadrez, cor de abóbora ou azul anil. O pequeno dicionário Alice Maria de comportamento diante da câmera foi pra cucuia. O importante é a mensagem. Centenas de estantes de livros ao fundo, orquídeas floridas e obras de arte são os cenários preferidos dos entrevistados e comentaristas em home office. Mas o que mais chama a atenção nesses tempos de coronavírus são os quadrinhos, que viraram moda nas entrevistas, nos bate-papos, nas apresentações musicais, nas lives. De repente, a televisão encheu-se de quadrinhos e dentro deles, pessoas mexendo, falando com as mãos, rindo, tocando sax, violino, oboé, celo, piano, um show. O quadrinhos chegaram também à publicidade. Os tempos mudaram e hoje está cada um no seu quadrado, no seu canto e em cada canto uma história pra contar.